Parônimos e Vocábulos de Grafia Dupla; Nomes Próprios

X- Parônimos e vocábulos de grafia dupla

32. Deve-se fazer a mais rigorosa distinção entre os vocábulos parônimos e os de grafia dupla que se escrevem com e ou com i, com o ou com u, com c ou q, com ch ou x, com g ou j, com s, ss ou c, ç, com s ou x, com s ou z, e com os diversos valores do x.

33. Deve-se registrar a grafia que seja mais conforme à etimologia do vocábulo e à sua história, mas que esteja em harmonia com a prosódia geral dos brasileiros, nem sempre idêntica à lusitana. E quando há dois vocábulos diferentes, um escrito com e e outro escrito com i, é necessário que ambos sejam acompanhados da sua definição ou do seu significado mais vulgar, salvo se forem de categorias gramaticais diferentes, porque, neste caso, serão acompanhados da indicação dessas categorias. Ex.: censório, adj.. Cf. sensório, adj. e s.m. Assim, pois, devem ser inscritos vocábulos como: antecipar, criador, criança, criar, diminuir, discricionário, dividir, filintiano, filipino, idade, igreja, igual, imiscuir-se, invés, militar, ministro, pior, quase, quepe, tigela, tijolo, vizinho, etc.

34. Palavras como cardeal e cardial, desfear e desfiar, descrição e discrição, destinto e distinto, meado e miado, recrear e recriar, se e si serão consignadas com o necessário esclarecimento e a devida remissão. Por exemplo: descrição, s.f.: ação de descrever. Cf. discrição. Discrição, s.f.: qualidade do que é discreto. Cf. descrição.

35. Os verbos mais usados em ear e iar serão seguidos das formas do presente do indicativo, no todo ou em parte.

36. De acordo com o critério exposto, far-se-á rigorosa distinção entre os vocábulos que se escrevem.

a) com o ou com u: frágua, lugar, mágoa, manuelino, polir, tribo, urdir, veio (v. ou subst.), etc.

b) com c ou q: quatorze (seguido de catorze), cinqüenta, quociente (seguido de cociente), etc.

c) com ch ou x: anexim, bucha, cambaxirra, charque, chimarrão, coxia, estrebuchar, faxina, flecha, tachar (notar; censurar), taxar (determinar a taxa; regular), xícara, etc.

d) com g ou j: estrangeiro, jenipapo, genitivo, gíria, jeira, jeito, jibóia, jirau, laranjei ra, lojista, majestade, viagem (subst.), viajem (do v. viajar), etc.

e) com s, ss ou c, ç: ânsia, anticéptico, boça (cabo de navio), bossa (protuberância; aptidão), bolçar (vomitar), bolsar (fazer bolsos), caçula, censual (relativo a censo), sensual (lascivo), etc.

Observação:
Não se emprega ç em início de palavra.

f) com s ou x: espectador (testemunha), expectador (pessoa que tem esperança), experto (perito; experimentado), esperto (ativo; acordado), esplêndido, esplendor, extremoso, flux (na locução a flux), justafluvial, justapor, misto, etc.

g) com s ou z: alazão, alcaçuz (planta), alisar (tornar liso), alizar (s.m.), anestesiar, autorizar, bazar, blusa, brasileiro, buzina, coliseu, comezinho, cortês, dissensão, empresa, esfuziar, esvaziamento, frenesi (seguido de frenesim), garcês, guizo (s.m.), improvisar, irisar (dar as cores do íris a), irizar (atacar [o iriz] o cafezeiro), lambuzar, luzidio, mazorca, narcisar-se, obséquio, pezunho, prioresa, rizotônico, sacerdotisa; sazão, tapiz, trânsito, xadrez, etc.

Observações:
1ª – É sonoro o s de obséquio e seus derivados, bem como o do prefixo trans, em se lhe seguindo vogal, pelo que se deverá indicar a sua pronúncia entre parênteses: quando, porém, a esse prefixo se segue palavra iniciada por s, só se escreve um, que se profere como se fora dobrado: obsequiar (ze), transoceânico (zo); transecular (se), transubstanciação (sub), etc.

2ª – No final de sílaba átona, seja no interior, seja no fim do vocábulo, emprega-se o s em lugar do : asteca, endes, mesquita, etc.

37. O x continua a escrever-se com seus cinco valores, bem como nos casos em que se pode ser mudo, qual em exceto, excerto, etc. Tem, pois, o som de:

a) ch, no princípio e no interior de muitas palavras: xairel, xerife, xícara, ameixa, envoxal, peixe, etc.

Observação:

Quando tem esse valor, não será indicada a sua pronúncia entre parênteses.

b) cs, no meio e no fim de várias palavras: anexo, complexidade, convexo, bórax, látex, sílex, etc.

c) z, quando ocorre no prefixo exo, ou ex seguido de vogal: exame, êxito, êxodo, exosmose, exotérmico, etc.

d) s: aproximar, auxiliar, máximo, proximidade, sintaxe, etc.

e) s, final de sílaba: contexto, fênix, pretextar, sexto, textual, etc.

38. No final de sílabas iniciais e interiores se deve empregar o s em vez do x, quando não o precede a vogal e: justafluvial, justaposição, misto, sistino, etc.

XI – Nomes próprios

39. Os nomes próprios personativos, locativos e de qualquer natureza, sendo portugueses ou aportuguesados, serão sujeitos às mesmas regras estabelecidas para os nomes comuns.

40. Para salvaguardar direitos individuais, quem o quiser manterá em sua assinatura a forma consuetudinária. Poderá também ser mantida a grafia original de quaisquer firmas, sociedades, títulos e marcas que se achem inscritos em registro público.

41. Os topônimos de origem estrangeira devem ser usados com as formas vernáculas de uso vulgar; e quando não têm formas vernáculas, transcrevem-se consoante as normas estatuídas pela Conferência de Geografia de 1926 que não contrariarem os princípios estabelecidos nestas Instruções.

42. Os topônimos de tradição histórica secular não sofrem alteração alguma na sua grafia, quando já esteja consagrada pelo consenso diuturno dos brasileiros. Sirva de exemplo o topônimo Bahia, que conservará esta forma quando se aplicar em referência ao estado e à cidade que têm esse nome.

Observação:

Os compostos e derivados desses topônimos obedecerão às normas gerais do vocabulário comum.

2 comentários em “Parônimos e Vocábulos de Grafia Dupla; Nomes Próprios

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